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sábado, 5 de junho de 2010

LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS - NR 20, ABNT NB 98, NBR 7505



DEFINIÇÕES
- Líquido combustível: qualquer líquido que tenha ponto de fulgor igual ou superior a 70°C e inferior a 93,3°C. Os líquidos combustíveis serão chamados de Classe III.
Obs.: apesar do registro do limite de 93,3°C, isto não significa que líquidos com pontos de fulgor superiores sejam não combustíveis.
- Líquido inflamável: qualquer líquido que tenha ponto de fulgor inferior a 70°C e tensão de vapor que não exceda 2,8 kg/cm² (40 lb/pol²), absoluta a 37,7°C (100°F)
Os líquidos inflamáveis dividem-se em 2 classes:
Na Classe I estão incluídos os líquidos inflamáveis com ponto de fulgor inferior a 37,7°C (100°F) e são subdivididos como segue:
􀂃 Classe I-A – inclui os que têm ponto de fulgor abaixo de 22,7°C (73°F) e ponto de
ebulição abaixo de 37,7°C
􀂃 Classe I-B – inclui os que têm ponto de fulgor abaixo de 22,7°C e ponto de ebulição
igual ou superior a 37,7°C
􀂃 Classe I-C – inclui os que têm ponto de fulgor igual ou superior a 22,7°C e inferior a
37,7°C.
Na Classe II estão incluídos os líquidos inflamáveis com ponto de fulgor igual ou superior a 37,7°C e inferior a 70°C.
Obs.: os líquidos das Classes II e III, quando aquecidos acima do seu ponto de fulgor, devem ser consideradas como líquidos da Classe I e II respectivamente. Os líquidos de ponto de fulgor acima de 93,3°C, desde que sejam aquecidos acima do seu ponto de fulgor, devem ser considerados líquidos da Classe III.
- Ponto de fulgor de um líquido é a menor temperatura na qual o mesmo libera uma
quantidade de vapor suficiente para formar uma mistura inflamável com o ar, perto da
superfície ou dentro do recipiente usado no teste.
Existem outras propriedades que contribuem para o risco dos líquidos inflamáveis, embora o ponto de fulgor seja o principal fator. O risco relativo aumenta à medida que baixa o pontode fulgor. A importância desta propriedade é mais aparente quando se comparam líquidos de distintos pontos de fulgor.
A temperaturas comuns (abaixo de 38°C) o querosene e o petróleo combustível não emitem quantidades perigosas de vapores, enquanto a gasolina já emite vapores em quantidades suficientes para formar uma mistura inflamável a temperatura ambiente de aproximadamente–10°C (-50°F).
Quando aquecido ao seu ponto de fulgor (ou acima deste), qualquer líquido combustível
produzirá vapores inflamáveis.
Os petróleos combustíveis pesados, quando aquecidos acima de 100°C podem produzir, por exemplo, vapores inflamáveis, tão facilmente como a gasolina. Suas características também mudam quando são atomizados. Tais líquidos quando aquecidos ou atomizados, poderão ser
considerados como líquidos inflamáveis.

- Temperatura de auto-ignição: esta é a menor temperatura na qual um gás inflamável ou uma mistura de vapor e ar se acende devido à sua fonte de calor, ou ao colocar-se em
contato com uma superfície quente, sem a necessidade de que haja uma fagulha ou chama.
Os vapores e os gases se inflamam a temperaturas mais baixas quando na presença de
maiores concentrações de oxigênio. A presença de substâncias catalíticas pode ter influência sobre a temperatura de auto-ignição.
- Limite de explosividade ou inflamabilidade: os líquidos inflamáveis têm uma
concentração mínima de vapor no ar, abaixo da qual não se dá a propagação da chama em contato com uma fonte de ignição. Isto se conhece como “Limite inferior de explosividade” (LIE). Existe também uma concentração máxima vapor ou gás no ar, acima da qual não ocorre a propagação de uma chama. Isto se conhece como “Limite superior de explosividade” (LSE).
Por exemplo: uma mistura de vapor-ar, na faixa de menos de 1% de vapor de gasolina é
demasiadamente pobre, não produzindo, portanto, a propagação de chama em contato com uma fonte de ignição.
Da mesma maneira, se houver algo mais de 8% de vapor de gasolina, a mistura será
demasiadamente rica. Outros gases, tais como: o hidrogênio, o acetileno e o etileno, tem uma faixa de inflamabilidade muito mais ampla.



- Faixa de explosividade ou inflamabilidade: é o conjunto de concentrações entre os limites inferiores e superiores de explosividade, expressos em porcentagens de vapor ou gás, por volume de ar.
Por exemplo: a faixa de explosividade da gasolina, entre os seus limites de explosividade dos vapores, geralmente é de 1,4 e 7,6%. Estes limites estão relativamente próximos um do outro. Sendo assim uma mistura de 1,4% de vapor de gasolina e de 98,6% de ar, é inflamável, como também o será qualquer mistura intermediária que chegue a 7,6% (incluindo este valor) e cerca de 92,4% de ar.
- Propagação de chama: é a difusão por todo o volume da mistura vapor-ar, a partir de uma fonte de ignição única. Uma mistura de vapor-ar, que esteja abaixo do limite inferior de explosividade, pode inflamar-se no ponto de ignição, sem propagar-se.
Ritmo de difusão: este indica a tendência de um gás ou vapor, se dispersar ou se misturar com outro gás ou vapor. Este ritmo depende da densidade do vapor ou gás, com relação à do ar que tem um valor de 1.
O fato de um vapor ou gás ser mais leve ou mais pesado que o ar irá decisivamente
determinar o projeto do sistema de ventilação.
Se o vapor ou gás é mais pesado que o ar, o conduto de aspiração deverá estar situado
ligeiramente acima do nível do piso. Inversamente, se o vapor ou gás é mais leve que o ar, o conduto de aspiração deverá estar localizado imediatamente abaixo do teto ou forro.
- Insuficiência de oxigênio: indica uma atmosfera que tem uma porcentagem de oxigênio inferior ao normal. O ar atmosférico contém aproximadamente 21% de oxigênio ao nível do mar.
Quando a concentração de oxigênio é de aproximadamente 16%, muitos indivíduos sentem náuseas, zumbidos nos ouvidos e uma aceleração dos batimentos cardíacos.
Antes de permitir a entrada de um trabalhador em um tanque, ou a outro espaço confinado, além das provas para se estabelecer a presença de substâncias tóxicas, deverá ser determinado o conteúdo de oxigênio nessa atmosfera, trabalho este que deverá ser executado por técnicos especialmente treinados para isso. Ninguém deverá estar em um tanque ou em outro recinto fechado, sem equipamento de respiração autônomo, se as medições tenham demonstrado que há menos de 16% de oxigênio.
Os equipamentos de proteção respiratória aprovados, do tipo autônomo com ar comprimido,têm demonstrado se aceitáveis para atmosferas onde haja insuficiência de oxigênio. São especialmente úteis para serem usados em lugares onde é difícil estender uma mangueira de ar.
Os produtos líquidos e fluidos e que contém líquidos inflamáveis, tais como as pinturas,ceras para pisos, soluções diversas, secantes, vernizes e outros, devem ser considerados como líquidos inflamáveis e classificados de acordo com o ponto de fulgor da mistura.
As precauções vinculadas com o manejo e uso, diferem de acordo com o ponto de fulgor, volatilidade e a quantidade de líquido inflamável que existe na mistura.
CARGA E DESCARGA DE CAMINHÕES TANQUE
Os caminhões, os reboques e semi-reboques que são utilizados para transportar líquidos
inflamáveis, deverão ser construídos e operados de acordo com as normas nacionais vigentes.
Inspeção
Os caminhões deverão ser mantidos em bom estado de conservação e ser inspecionados
diariamente, dando-se atenção especial à limpeza do motor, ao estado das luzes, freios,
buzina, espelhos retrovisores, ligações para aterramento, pneus, sistema de direção e ao
tanque que transporte a carga, que deve estar sem ferrugem e devidamente sinalizado.
Proibição de fumar
Os motoristas não deverão fumar, nem tampouco seus ajudantes, enquanto estiverem
dirigindo, descarregando, carregando ou efetuando reparos.
Os motoristas deverão estar alertas para não chegarem perto de qualquer fonte de ignição durante as operações acima descritas e tampouco deverão permitir que outras pessoas fumem próximas ao veículo.
Todo veículo deverá ter, pelo menos um extintor cuja capacidade seja suficiente para se
controlar uma emergência. Como precaução, o uso de dois extintores dará maior segurança.

Estacionamento do caminhão
Antes de retirar a tampa da cúpula ou efetuar as conexões para a descarga, ou carga, o
veículo deverá estar devidamente freado, o motor deverá ser desligado, as luzes deverão ser apagadas, os cabos para igualar os potenciais do tanque do caminhão e do tanque de
armazenagem deverão ser colocados, e por fim, dever-se-á fazer o aterramento.
Conexões de carga e descarga
Caso o caminhão tenha uma bomba que é acionada pelo mesmo motor que o impulsiona, este deverá ser desligado antes de conectar ou desconectar as linhas de carga. O motorista deverá ficar o tempo todo junto aos controles do caminhão. Caso tenha que se afastar por alguns instantes, a descarga do produto inflamável deverá ser suspensa, e deverão ser retiradas as mangueiras.
Caso uma linha de descarga tenha que atravessar uma área de trabalho, deve-se colocar
avisos de precaução.
As pessoas que estão empregadas na distribuição do líquido deverão certificar-se de que o estão fazendo de forma correta e de que o tanque para a qual está sendo mandado o líquido já tenha contido previamente o mesmo líquido.
Para assegurar-se da eliminação de líquidos residuais, evitando-se a combinação de um
líquido de baixo ponto de fulgor com um líquido de alto ponto, os técnicos encarregados da operação deverão esvaziar os tanques totalmente e lavá-los com o mesmo produto que deverá ser armazenado.
Para essa operação tem-se que ter a certeza de que o tanque está devidamente ventilado e que há espaço suficiente para conter a quantidade de líquido que se pretende carregar.

Perdas
Perdas por vazamento ou por transbordamento deverão ser evitadas.
Quando qualquer uma dessas situações se apresentar, a carga deverá ser suspensa
imediatamente, as válvulas deverão ser fechadas e o líquido derramado deverá ser retirado do local ou coberto (no caso de ser sobre a terra) com areia ou terra, para depois se prosseguir com a operação.
Deve dar-se um tempo suficiente para a dissipação dos vapores, antes de se colocar o motor em funcionamento.
O motorista deverá fazer todo o possível para estacionar um caminhão quebrado, ou que
esteja vazando sua carga, de forma que não venha apresentar perigo para o trânsito ou para a localidade. Nesses casos, devem ser colocadas placas pedindo que as pessoas não se aproximem, a polícia deverá ser avisada e também o corpo de bombeiros.
O caminhão deverá ser estacionado longe da estrada, se possível em um terreno baldio, ou, pelo menos, longe de edificações e de lugares onde haja concentração de gente. O
caminhão não deverá ser abandonado.
Os motoristas deverão ser devidamente treinados pelas empresas transportadoras para que saibam as características do produto que estão transportando, e como agir nos possíveis casos de emergência. Deverão ter também uma orientação que diga a respeito ao itinerário que deverão fazer, haja visto as grandes concentrações populacionais, por onde, em princípio, não deve transitar um caminhão tanque que transporte líquidos inflamáveis.
O líquido que se derrama, se possível, deverá ser recolhido em recipientes, numa depressão do terreno ou em um poço. Em caso de derramamentos grandes, principalmente em zonas urbanas, antes de se colocar vidas em risco, o melhor método consiste em usar bombas manuais portáteis para o recolhimento em tambores ou em outro caminhão tanque.
Incêndios
No caso de incendiar-se um caminhão tanque, durante uma operação de carga ou descarga, se possível, deverá ser cortado o fluxo de combustível que vai para o veículo ou que vem deste. Se o caminhão estiver carregado, o tubo não deverá ser retirado do caminhão e se possível, deve-se cobrir a abertura de enchimento com uma manta úmida.
O fogo deverá ser atacado com extintores de gás carbônico, de espuma ou pó químico seco,ou ainda água nebulizada.
Se houver um fluxo de água suficiente, o líquido incendiado poderá ser levado a um lugar seguro, mas nunca para dentro de uma rede pública de esgotos.
Quando há o escape de vapores incendiados, devido a perdas ou pelos orifícios de
ventilação, será melhor permitir que se queimem até que se possa controlar a origem do
escape do líquido ou vapor.
Em qualquer incêndio, deve-se informar rapidamente ao corpo de bombeiros local.
O motorista, bem como o ajudante, se houver, deverão estar devidamente preparados para atuarem em uma emergência. Para tanto, é necessário que se familiarizem com as
características do produto, e com as providências a serem tomadas em caso de incêndio.













ARMAZENAMENTO
Os líquidos inflamáveis devem ser armazenados de acordo com a NB.98.
Só citaremos a seguir os aspectos que julgamos mais importantes.
Os líquidos inflamáveis deverão ser armazenados de acordo com o seu grau de periculosidade, e sob certos cuidados que o seu comportamento exige.
Os líquidos de classe I e II não deverão ser guardados ou armazenados em edifícios onde haja grande acúmulo de pessoas, tais como: escolas, igrejas, teatros, a não ser que sejam colocados em recipientes adequados de segurança , em uma sala ou em um armário destinado a esse fim.
Mesmo o armazenamento em local apropriado, tal galpão ou sala, não deverá comunicar-se com locais onde haja acúmulo de pessoas.
Os edifícios onde são armazenados os líquidos inflamáveis, não deverão ter suas vias de acesso e de saída voltadas para corredores onde normalmente transitam pessoas. Tampouco deverão ser armazenados próximos a estufas, fornos ou canos de calefação, ou ainda expostos aos raios de sol ou qualquer fonte de ignição.
Não deverá ser permitido o armazenamento de líquidos inflamáveis em recipientes abertos. Os recipientes adequados para o armazenamento de tais produtos deverão estar sempre fechados, quando cheios ou quando vazios.
Quando os recipientes de líquidos inflamáveis estiverem vazios e isentos de vapores, deverão ser retirados os seus rótulos preventivos.
Os líquidos a granel da classe I deverão ser armazenados em tanques subterrâneos e fora dos edifícios.
A saída de um tanque não deverá dar dentro de um edifício, a menos que termine em uma sala especialmente desenhada para esse fim.
A norma n° 30 da NFPA, denominada “Flammable & Combustible Liquides Code” ou a NB.98, dão especificações que limitam a quantidade de cada classe de líquido inflamável que pode ser armazenada em distintos lugares e em dependências industriais, juntamente com dados que descrevem as condições e os procedimentos necessários relacionados com estes armazenamentos.
Os veículos utilizados dentro de uma empresa para transportar líquidos inflamáveis, em
recipientes fechados, deverão ser especialmente desenhados para que não ocorram danos aos recipientes.
Poder-se-á utilizar engradados especiais que acondicionem os vasilhames, sem lhes
comprometer a resistência.
As pessoas encarregadas de procederem ao enchimento dos recipientes, deverão estar cientes da necessidade de se deixar acima da superfície do líquido, suficiente espaço, para que o vapor formado possa se expandir devido às mudanças da temperatura, sem aumentar a pressão interna do recipiente além de suas especificações. A gasolina se expande, por exemplo, numa proporção de 1% para cada 8°C de aumento de temperatura. Para a gasolina se recomenda deixar um espaço para o vapor, equivalente a 2% da capacidade do tanque ou do recipiente, deixando-se a propósito, marcas que indiquem o nível máximo.









CONSTRUÇÃO DE TANQUES
Os tanques para inflamáveis, assim como o local de instalação, devem atender a NB.98, NR.20 e as normas do Corpo de Bombeiros local. Só apresentaremos a seguir, aspectos relativos a respiradores e construção de diques.
Respiradores
Os tanques de armazenamento deverão possuir respiradores do tipo e tamanho determinado pela norma NB.98.
Os respiradores dos tanques subterrâneos, que armazenam líquidos combustíveis da classe I, deverão terminar fora de edifícios, a uma altura maior que aquela do tubo de
carregamento do tanque, não devendo ultrapassar a 3,65m acima do nível do solo adjacente.
Deverão ser localizados de tal maneira que os vapores não entrem pelas aberturas dos
edifícios, nem fiquem concentrados em depressões do terreno. Os produtos de ventilação dos tanques subterrâneos que armazenem líquidos combustíveis, deverão terminar fora dos edifícios, e serem mais altos que os dutos de carregamento dos tanques.
A localização de orifícios de ventilação deve ser tal que o escape de vapores se disperse
convenientemente a uma distância segura, estando longe das fontes comuns de ignição.
Caso os orifícios de ventilação estejam localizados em posições onde possam se entupir,
poderão ser envoltos por uma malha de arame relativamente aberta.
A construção de diques
Nos locais de armazenamento a granel onde sempre houver a possibilidade de
consequências graves em caso de derramamento de líquidos inflamáveis, dever-se-á
construir diques ao redor dos tanques, de preferência um dique ao redor de cada tanque, de forma que cada dique possa conter o líquido derramado por vazamento ou por
transbordamento.
A necessidade de construir diques estará baseada nas condições locais. No caso de haver
algum tanque próximo a um edifício, poder-se-ia construir muros de tal forma que
desviassem qualquer derramamento do produto inflamável para um local seguro, longe do edifício.
Os diques deverão contar com drenagem para as chuvas. Nos grandes depósitos, tais diques deságuam em uma piscina de recuperação, localizada a grande distância dos tanques e dos edifícios, onde o líquido inflamável, em caso de derramamento, pode ser recuperado, separando-se da água, pelo processo de flutuação. Tais locais deverão ser dotados de válvulas de controle as quais deverão se manter fechadas, a menos que se esteja escoando a água do local. Os diques não deverão dirigir os líquidos inflamáveis derramados, a cursos naturais d’água, ou redes de esgoto públicas, ou ainda a lagos artificiais ou naturais de parques.

Editado por: Márcio Rocha

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